Baseado num romance de 2011, do escritor Donald Ray Pollock, O Diabo de Cada Dia (dirigido por Antonio Campos), que estreou recentemente na Netflix, é um daqueles dramas pesados que te dão um soco no estômago e te fazem sair do cinema (ou do sofá da sala) desorientado e reflexivo. Repleto de subtramas que convergem na figura do jovem Arvin Russell (provavelmente o papel mais complexo na carreira de Tom Holland, até aqui), todas têm como foco a religião (ou a ignorância religiosa, para ser mais específico). Diferentemente daquele tipo de filme que apresenta várias histórias distintas e as conecta no final, este filme consegue amenizar o caráter episódico de cada subtrama fazendo sutis ligações desde o início, nunca perdendo de vista a ideia de um tronco central que interliga toda a história.

Um dos destaques do filme é o elenco, cujos atores estamos acostumados e ver em “filmes pipoca”, mas que aqui em nada lembram suas versões heróicas. Neste filme eles são falhos, bebem, fumam, falam palavrão, abusam e matam! Além de Tom Holland (Homem-Aranha), temos Sebastian Stan (Soldado Invernal), Robert Pattinson (o novo Batman), Mia Wasikowska (Alice no País das Maravilhas) e ainda conta com Bill Skarsgard (Pennywise de It, A Coisa). Ressalta-se que todos, sem exceção, estão excelentes em seus papéis. Destaque para o pastor vivido por Pattinson (que a cada filme cresce mais no meu conceito). Para completar os ingredientes da fórmula de indicação ao Oscar, temos uma fotografia belíssima que rende várias imagens que dariam ótimos papéis de parede de tela de computador.

Como ponto negativo, eu apontaria o ritmo lento do filme, que repercute na sua excessiva duração (2h18min). Em contrapartida, o desfecho me pareceu um pouco acelerado. Abordando temas pesados como fanatismo religioso, abuso sexual, corrupção policial, vingança, psicopatia e até mesmo necrofilia, este com certeza não é um filme para toda a família e nem para aqueles mais sensíveis. Não é de se espantar que o título do filme seja pronunciado na obra quando é dito que determinado personagem reza como se estivesse enfrentando “o diabo de cada dia.”

Onde assistir: Netflix. 

Nota: 🎃🎃🎃🎃 Dei Valor!

Sinopse: Ambientada entre a Segunda Guerra Mundial e a Guerra do Vietnã, O Diabo de Cada Dia acompanha diversos e bizarros personagens num canto esquecido de Ohio, nos Estados Unidos. Cada um deles foi afetado pelos efeitos da guerra de diferentes maneiras. Entre eles, um veterano de guerra perturbado, um casal de serial killers e um falso pregador.

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